Os enfermeiros no seu dia-a-dia de trabalho, utilizam metodologias de recolha de informação sendo a Triagem de Manchester um exemplo, que apesar do seu benefício potencial, constituem sempre uma ingerência na vida e sentimentos pessoais. Daí que haja necessidade de assegurar a confidencialidade de toda a informação, tanto dos dados narrados pelo próprio como por terceiros. O tema de debate pauta-se pela análise das seguintes declarações:
"A Ordem dos Médicos (OM) publicou, na sua revista (edição de Fevereiro de 2007), um parecer sobre a aplicação do Protocolo de Manchester, aprovado no Conselho Nacional Executivo (CNE), onde é contestado o facto de a referenciação feita pelo médico de família ser ignorada pelo serviço de Urgência a que o doente se dirige, sobrepondo-se a esta a indicação de um profissional que, normalmente, não é médico.
"A Ordem dos Médicos (OM) publicou, na sua revista (edição de Fevereiro de 2007), um parecer sobre a aplicação do Protocolo de Manchester, aprovado no Conselho Nacional Executivo (CNE), onde é contestado o facto de a referenciação feita pelo médico de família ser ignorada pelo serviço de Urgência a que o doente se dirige, sobrepondo-se a esta a indicação de um profissional que, normalmente, não é médico. "É desnecessária a avaliação feita por um não-médico, que desvanece a verdadeira triagem, essa sim,previamente feita pelo especialista em Medicina Geral e Familiar (MGF)»,defende a OM, no referido texto." Nota Pessoal: O sistema de triagem de Manchester, já em vigor em vários Hospitais do País, está acreditado pelo Ministério da Saúde, Ordem dos Médicos e ordem dos Enfermeiros.
"A Ordem critica aquilo que diz ser a «inaceitável desmultip
licação de meios, a repetição de actos, a perda de tempo e o défice de qualidade intrínsecos a este circuito» que provoca «desorientação» nosdoentes.Esta alerta ainda para as questões de natureza deontológica que este processo acarreta.
"A Ordem critica aquilo que diz ser a «inaceitável desmultip
licação de meios, a repetição de actos, a perda de tempo e o défice de qualidade intrínsecos a este circuito» que provoca «desorientação» nosdoentes.Esta alerta ainda para as questões de natureza deontológica que este processo acarreta. «É claramente atentatória da boa prática ético-deontológica que alguém, a quem uma referenciação escrita não se destina, a leia (devassando conteúdo endossado a terceiros e violando,assim, o dever de sigilo que uma tal correspondência implica) ou retenha (ignorando a importância da informação veiculada e desrespeitando o trabalho já efectuado)», alega o parecer.
"A OM considera «em absoluto inaceitável a prática do denominado Protocolo de Triagem de Manchester, nos moldes descritos», e defende que a triagem feita pelos especialistas em MGF «deve prevalecer sobre quaisquer outros procedimentos».In Tempo de Medicina, 30.04.2007
Sendo objectivo de fazer triagem de prioridades,identificar critérios de gravidade, de uma forma objectiva e sistematizada, que indicam a prioridade clínica com que o doente deve ser atendido e o respectivo tempo alvo, não entendo o problema levantado da abertura das Cartas, até porque muitas vezes estas surgem ao triador sem que por fora surja qualquer informação como :a quem se destinam!
O que aconteceu fruto deste discurso? Em algumas instituições, não se pode abrir estas Cartas mesmo não estando referenciadas, assim deixo para debate as questões :
1.Será que a não abertura destas Cartas aumentará o tempo de Triagem?
2.Será que a propria prioridade poderá ser alterada pela não abertura destas Cartas?
Recordo que os Profissionais de Saúde são obrigados ao Sigilo Profissional!
14 comentários:
Como é possivel que não se abra as cartas! No meu Hospital o Director de Serviço, nem sequer questiona outra hipotese!
Isto acontece noutros Hospitais? Muitas vezes a Triar aparece-nos Cartas dirigidas a uma área ou especialidade cuja queixa não o justifica! Imaginemos que o doente apresenta uma dor toracica por exemplo (podendo ser um enfarte) o não abrir uma Carta Referenciado o doente pode levar a uma má triagem se o doente não valorizar a dor!
ISTO É GRAVE, a meu ver. Obrigado pelo excelente artigo, mais uma vez!
Manuel A.
O tema é muito importante, mas a verdade é que as duas partes têm razão:
Sou testemunha de um caso de uma utente enviada pelo médico de família, que diagnosticava uma perfuração ocular pós traumática, que o nosso colega ignorou, depois de ouvir as queixas da utente. Resultado
Uma espera de 5 horas e depois toda uma correria, cirurgia de urgência, risco de perda de visão...
O importante dos dois lados é a competência, não a competição de quem deve ou não deve, e ter bom senso.
sei de casos de crianças com diagnóstico feito por pediatras na sua clínica privada, que não é aceite nem pelo enfermeiro da triagem nem pelo médico da urgência dando alta clínica, mas passadas algumas horas a criança regressa, já com todos os sinais evidentes do diagnóstico inicial.
Porque teimamos em ser melhores que os outros?
Até dos casos encaminhados pela "linha saúde 24" alguns enfermeiros
da triagem ignoram, quando não fazem comentários desagradáveis.
O importante e valorizarmos o trabalho de todos, e aquilo que fazemos, fazê-lo bem feito.
Mariana
pois o probela poêm-se quando o medico do CS envia o doente ao SU e o doente quando chega ao SU e não sabe porque é que veio! A OM deveria era preocupar-se com os tempos de demorea de atendimento dos doentes e deixar as questões de orientação inicial do doente para quem tem formação, informação e legitimidade para o fazer, neste caso o Sr. ENFERMEIRO triador. beijos e abraços conforme os casos.
No caso relatado pelo anónimo das 10:09 é evidente que foi mal triado pois teria dado prioridade laranja e nesse caso não haveria desculpas para esperas de 5 horas.
De qualquer forma parece-me evidente que o problema é outro: um Deus médico ser desautorizado por um mortal enfermeiro. A triagem de Manchester não atende à gravidade da doença mas à urgência com que o utente deve ser atendido. Não me parece que o médico de medicina geral e familiar tenha noção do que é isso. Além de que o enfermeiro deve ter acesso a toda a informação do doente...
Por outro lado, fazer com que o Médico que envia o doente com carta, seria uma forma de meter "umas cunhas" que eles não devem querer que o enfermeiro se aperceba.
Mais uma forma encapotada da OM sobre influenciar o trabalho dos enfermeiros.
E a ordem dos enfermeiros mais uma vez não se pronuncia. Estão a ver porque é que precisamos de outro(a) bastonário(a)?
O problema não é a ORdem, é sim alguns médicos (directores) pedirem para não abrirem as cartas, enquanto o os elementos do grupo de Triagem , ainda não se tenham manifestado!
O probelam não é a Ordem? Então se a Triagem de Mnachesterv está creditada pela OE... a OE não terá uma palavra a dizer? Agora os chefes de serviço mandam nos enfermeiros?
O que está em causa é a atitute ilegal de alguns directores de Serviço (médicos) que adoptaram esta medida da O.M, sem que a comissão de etica ou a equipa de Triagem de Manchester se pronunciasse.
Quanto ao anonimo que disse que houve um longo tempo de espera mesmo com carta, desculpe lá então houve falta de comunicação, pois pelo Sistema Alert isso deveria ter dado um Laranja, não ?
Pensem é nestas palavras : A OM considera «em absoluto inaceitável a prática do denominado Protocolo de Triagem de Manchester, nos moldes descritos», e defende que a triagem feita pelos especialistas em MGF «deve prevalecer sobre quaisquer outros procedimentos»
óptimo, mas realmente o anónimo tem razão! A OM pensa de uma forma que nós conhecemos... E de que forma pensa a OE? Não se pronucia? Nem em tempo de campanha? É p'ra admirar!!
De facto colegas, trabalho numa Urgência Central em Lisboa e este problema, não se pôs.
Abrimos as cartas, por indicação na formação de Triagem de Manchester, mantendo-se a directiva. Achei estranho algumas realidades descritas! Acho, melhor tenho a certeza que pelo facto de não se abrir as cartas tirá levar certamente a tempos de triagem maiores, nao ponham dúvidas! Em ultimo caso quem sofre é o doente!
Quanto aos colegas que se degladiam sobre de quem é a culpa.Sejam honestos mentalmente, a nossa Ordem já se pronunciou (ver site) e revista.Quanto ao pronunciar-se em termos de eleições, as listas ainda não sairam! Jás as conhecem por favor digam-me estou algo curioso!
O que me dizem das listas de espera para uma Consulta nos Hospitais, depois estranham (os directores de serviço) que a urgência esteja cheia com casos não graves!Será que as consultas também terão SGICs???
pontos básicos:
- o enfermeiro tem necessáriamente que ter acesso a toda a informação clinica do doente, se houver falta de zelo que sejam denunciados e aplicadas as medidas previstas, a todos... médicos metidos no saco!
- a triagem de manchester leva em conta a informação trazida pelo doente do médico de MGF.
- a OM que se cale porque já concordou no passado, e as urgências funcionam algo melhor graças à triagem feita por enfermeiros. O doente não espera horas para ser triado pelos enfermeiros, espera horas para por a vista em cima do médico.
- sejamos coerentes, erros acontecem a todos, se fossemos a denunciar todas as calinadas e todas as consequências das falhas médicas... ninguém entrava em hospital nenhum..
- compadeçam-se todos de uma coisa: só quando a OM deixar a sua arrogância e perceber que o enfermeiro é já, e cada vez mais um profissional altamente treinado... até mais do que muitos médicos (nomeadamente de MGF)e que tras contributos reais à saúde dos portugueses é que podemos avançar
- parabéns a todos que trabalham em urgência e fazem triagem
ps (trabalho em cirurgia vascular !)
Parabéns enf Henrique a forma como comentou mostra a diferença entre quem sabe o que comenta e ...
Talvez devéssemos era tomar a dianteira e criticar certos e determinados procedimentos que levam a uma menor agilização nos processos que levam ao atendimento dos doentes... que como se sabe não passa pelos enfermeiros... Pois se há coisa que somos é cumpridores. Deveríamos fazer como essa OM que critica para desviar atenções alheias para males internos da Classe... É preciso acabar com este despudor, não ter vergonha de criticar quando criticado.Ponto
O que é que interessam as cartas que os doentes trazem sem referênciação de especialidade? será que os doentes necessitam de ter orientação médica prévia para receberem um encaminhamento adequado?
Em minha opinião a abertura das cartas é indiferente, pois se o doente for bem triado receberá uma prioridade adequada. Não interessa se é a Medicina Interna ou a Cardiologia a receber um doente com uma toracalgia laranja, o que de facto importa é que o doente seja avaliado em tempo útil...
O problema reside na resistência dos médicos em receber doentes orientados por Enfermeiros; haverá sempre necessidade em afirmar que o doente está mal triado.
Não vale a pena discutir o que a OE faz ou deixa de fazer, ou o que a OM diz ou deixa de dizer... enquanto houver médicos que não aceitem os Enfermeiros como membros integrantes de uma equipe multidisciplinar, houvir-se-ão para todo o sempre "babuseiras" relativamente à prioridade atribuida aos doente bem como a orientação dada aos mesmos.
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