15 janeiro 2008

DOIS MÉDICOS DEPÕEM CONTRA ENFERMEIRA

Em 2002 um jovem operado a um quisto no pescoço, no Hospital Egas Moniz, Faleceu. Culpados

Médica e Enfermeira, sendo que ... a primeira ! Bem melhor é ler as noticias e as reacções.

"O QUE DISSERAM EM TRIBUNAL (Fonte: Correio da Manha)

MÉDICA

A anestesista Manuela Veringer nega responsabilidade na morte do jovem e alega não ter conhecimento de que o paciente estaria com falta de ar. Foi ilibada de má prática clínica pela Ordem dos Médicos e Inspecção-Geral da Saúde.

ENFERMEIRA

A enfermeira Madalena Serra, co-arguido na acusação, admite que o paciente chegou agitado à enfermaria e com falta de ar e que os sintomas foram transmitidos à anestesista, Manuela Veringer, contradizendo o depoimento da clínica. "(ver continuação da noticia aqui)

Continuação da Noticia...

"Aqui está um título para uma boa reflexão a executar por aqueles que pensavam esperar alguma solidariedade profissional.

«Não consigo respirar, estou aqui com falta de ar e ninguém faz nada. Estão todos malucos».

“Estas foram literalmente, as últimas palavras de Carlos Mascarenhas, escritas em 28 de Gosto de 2002, numa revista que estava junto à sua cama no hospital de Egas Moniz, onde horas antes tinha sido operado a um quisto no pescoço. A essa operação, aparentemente sem gravidade, seguiram-se 3 horas de agonia, com familiares a assistirem.

Às 21horas do mesmo dia era declarada a morte do jovem de 30 anos, por asfixia. A autópsia revelou “edema da glote”, uma morte que podia ser evitada, se detectado a tempo, o problema…. De fora ficaram os dois médicos que fizeram a operação. E foram estes dois médicos que, ontem, foram testemunhar perante a juíza do 4º juízo.... Mas esclareceu que a responsabilidade do que acontece depois da sala de operações, e passar para o recobro e para a enfermaria, é das enfermeiras. E dos médicos anestesistas.”.

Hoje os Enfermeiros são frequentemente mal informados de que “se os médicos mandarem fazer…” não correm riscos.

Podia ser por hemorragia, dizemos nós, pois os edemas da dita glote/epiglote, costumam ser de evolução mais rápida. E as hemostasias, quando deficientes, vão babando o sangue, para espaços mais ou menos livres, que se vão preenchendo e edemaciando.

A lentidão do fenómeno faz supor mais este do que o da glote.

Não sabemos se lhe foram ministrados corticoides, que, nos edemas da glote, costumam dar resultados benéficos, quase imediatos.

Se o edema fosse do sangue, no pescoço, por hemostasia defeituosa, logo da responsabilidade de quem operou e se põe de fora, seria lenta e inexorável e não resolúvel pela medicação, mas por uma nova cirurgia.

Aqui podia aplicar-se a velha máxima: “ou há moralidade ou comem todos”.

Pode tirar-se, a propósito, uma boa meia dúzia de ilações:

1 – Um enfermeiro prudente deve ter a cortisona no bolso, em dose não inferior a 250mg. para ministrá-la, quando está perante alergias (não seria este caso(?)). Fica pelo menos com a certeza de que fez uma manobra que pode salvar uma vida e previne os tais edemas da glote, regra geral, se forem isso;

2 – Não poupar os responsáveis, pois neste caso, também podiam ser os cirurgiões, pois com a morte, não sabemos se as hemorragias “param” e os edemas não desaparecem, para, para serem vistos nas autópsias;

3 – A lentidão, na evolução do edema, parece ser; mais por compressão do que por reacção. E a ligeireza com que os cirurgiões acusam impressiona, porque as dúvidas quanto à verdadeira causa determinante da morte, nesta cirurgia, são legítimas.

4 – Os enfermeiros têm de escrever com caracteres indeléveis estes exemplos para não caírem em facilidades, tão naturais na suposta camaradagem das equipas com que alguns enchem a boca.

5 – As chamadas de médicos devem ficar sempre registadas, assim como as respostas que são dadas. Isto significa caracterizar o grau de responsabilidade de cada um, para o que der e vier.

6 – Não há recobros simples de cirurgias ditas simples. Todos eles são, supostamente, complicados e devem ser atendidos por um número suficiente de enfermeiros. Com estes pressupostos, as complicações emergentes não nos surpreendem.

Não estamos a pretender desresponsabilizar a colega. Como também não estamos a culpá-la, dadas as dúvidas, que temos, acerca de edemas, quando aplicadas a este caso.

Afinal não são poucos os casos em que os enfermeiros têm competências próprias, que não são delegadas, uma das mais complexas é garantir o êxito nas cirurgias.

Por trás duma grande Equipa de cirurgiões, está sempre uma grande Equipa de Enfermagem.

Meditem nisto, é um convite que se faz aos nossos Colegas leitores assíduos ou esporádicos. "(Fonte SEN)

Deixo agora espaço para os vossos comentários. O que acham de todo este caso?

1 comentário:

Anónimo disse...

Infelizmente o porreirismo reina em alguns serviços. Os Enfermeiros tem que aprender que ou se é profissional e se escreve tudo ou então sujeitam-se!

Embora neste caso quem perdeu foi o doente.